A sindactilia é uma alteração congênita (ou seja, de nascença) na qual há uma falha na separação de um ou mais dedos resultando na fusão de tecidos destas estruturas.
Esta alteração pode acometer somente partes moles (simples) ou acometer também os ossos (complexa).
Além disso, pode ser uma alteração isolada ou estar associada a alguma síndrome genética.
No geral, a sindactilia não é muito comum. No entanto, quando falamos especificamente em alterações congênitas das mãos, ela é sim a mais comum e acomete aproximadamente 1 para cada 2.000 a 2.500 nascidos.
Além disso, esta alteração afeta mais meninos, metade dos casos ocorre em ambas as mãos e de 10 a 40% das pessoas com a sindactilia tem história familiar.
A sindactilia mais comum é a isolada, simples e entre o terceiro e quarto dedo.
Quais as causas da sindactilia?
Esta alteração ocorre devido uma falha na diferenciação de estruturas ainda dentro do útero quando não ocorre a necrose dos tecidos interdigitais entre a sexta e oitava semana de vida.
Além disso, pode ser resultado de uma mutação genética esporádica ou ser de herança autossômica dominante com expressividade variável.
O paciente costuma ter algum sintoma associado?
Quando a sindactilia ocorre de forma isolada, o paciente não terá outros sintomas, além da própria alteração.
No entanto, ela pode ocorrer associada a alguma síndrome genética, por exemplo:
- Poland – alterações congênitas no membro superior associados a diminuição de tecido da musculatura torácica;
- Apert – associado a malformações da face e crânio podendo ter alterações mentais;
- Holt-Oram – associado a doenças cardíacas.
Assim, nestes casos a sindactilia poderá ocorrer em conjunto com as malformações de outros órgãos.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da sindactilia é clínico e utilizamos a radiografia para classificação do grau da alteração.
Além disso, nestes casos sempre devemos investigar outros órgãos para saber quando se trata de uma alteração isolada ou se o paciente tem alguma síndrome.
Como é a cirurgia da sindactilia?
O tratamento cirúrgico irá depender do tipo de alteração do paciente.
No geral, esta é uma cirurgia delicada onde separamos os dois dedos através de cortes. Fazemos essas incisões em zigue e zague e identificamos e separamos os nervos, feixe vascular e, se necessário, o osso.
Normalmente, não há disponibilidade suficiente de pele no local para cobertura dos dois dedos e é necessário fazer um enxerto.
Ou seja, retiramos um pedaço de pele de outro lugar do corpo, como da própria borda da mão ou da região inguinal, para cobrirmos a área.
Realizamos a cirurgia com anestesia geral e, nas crianças, costumamos aguardar 1 ano e meio a 2 anos de vida para uma maior segurança anestésica.
Além disso, idealmente realizamos o tratamento antes da idade escolar e, caso o paciente tenha mais de 2 dedos juntos, faremos a separação em cirurgias distintas.
Como será o pós-cirúrgico e a recuperação do paciente?
Após a cirurgia, os primeiros curativos devem ser feitos pelo médico, uma vez que os enxertos de pele são bem delicados e podem se perder se não tratados com cuidado.
Geralmente, realizamos curativos semanais por 3 a 6 semanas quando os tecidos já devem estar mais cicatrizados.
Além disso, devemos ter cuidados para não haver aderências nas cicatrizes e algumas vezes são necessárias cirurgias complementares, conforme o crescimento da criança.
Esta é uma cirurgia delicada e que demanda muitos cuidados pós cirúrgicos.
Por isso, é essencial que seja feita por um ortopedista especialista em mão que acompanhe todo o processo até a total recuperação do paciente.